Demência da dor

 

Figura médica 3d com destaque do cérebro 

 

 

Demência da dor

 

Desalmada demência

te atordoa

Sinto-a

no ser que és

e serás

Desafiador..

Provocador.

Alienado

Bravio

Linhas enviesadas...

Assinaladas

Cruzadas

Pululam inflamando

Puxam-.te para mim

Numa atroz violência

Já vinhas marcado

E a dor era contundente

Sofrida, temida

Volteaste perdido

Confundido

Tinhas sido manso

Claro como a neve

Manto de arminho

Mas veio o trovão

e tudo desmoronou

Despejaste o ouro que te cobria

Que fazias ?

Fizeste .

O que seria ?

Porque o fazias

Tinha sido a dor

veio ao sol pôr

Malogrado dia

Tua mente desertificou

correste desertos sem fim

arrastaram-te

contundente

vieste a mim

caio em covis ancestrais

milagrosos... inexplícitos

Mal me cuidaste

e tudo te dei

e fiquei sentada

triste malograda

Trocavas o bem pelo mal

Fechado em alvéolo

Guardavas para ti

o que era teu

e também o meu

este coração que ainda é teu

(in)sensivelmente

Abandonada.

Revesti-me

de possança nula.…

Tudo se descoroou

dentro de mim

As águas sumiam

O mar mingou

O sol se escondeu

E eu fiquei no breu

das minhas fantasias

Traída, ferida tão sofrida

abri as mãos

Vi ondeando ao céu

o que pensava ser meu..

levei a mão ao peito

desta vez fui eu

Que desertei

 

De Té autora escritora

janeiro 2023

 

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