Os dois horizontes
Dois horizontes fecham nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? — Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
Machado de Assis
Comentários
Lá no Horizonte onde está a saudade, também está o nosso nascimento, e o Horizonte da Esperança que está lá no futuro, lá também está o nosso fim, a nossa morte,
O Presente Machado não descreve com bons olhos:Vê como um campo de batalhas ''''No presente, — sempre escuro, """"" Vê o presente como um elo confuso entre o Passado e o Futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
Entre os destes horizontes descrito po Machado entre o passado e o futuro (como o poeta descreve) há uma série de vivências cujo relato em versos é acelerado e ali tem a infância, no meio as ambições, sonhos, Amor e .....
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
Assim Machado de Assis é o meu mestre. Dificil de avaliar este gajo
Grato por bela publicação
Antonio Domingos
Obrigada Antonio, bj