CANTO DE AGONIA


Como se eu fora a branca e cheia lua
distante e só olhando para a terra,
mirando seus planaltos, rios, serras,
os mares, lagos, sua pele nua...

Como se eu fora a lua espio tudo,
seu ventre, veias, corpo, a mata sua,
a sua essência e tudo que possua...
E aos poucos tudo, tudo assim desnudo!

Oh! Gaia-mãe! Tristonha é a tua sorte!
Toda sangrada estás por mãos tão brutas,
teus rios, vales, matas, tuas grutas...

E aos poucos, sem que vejas, tu transmutas!
E já não és perene mãe, tão forte...
De longe espio e assisto a tua morte!

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