Rendo-me ao silêncio, em verso e prosa.
Rendo-me em silêncio, em frente à porta; atrás de mim, as minhas costas, o trinco enferrujado na moldura de ferro trincada, o acesso trancado, aos estranhos como eu e você. Continuo em silêncio, reparo tuas roupas, te vestes de vermelho, são costumes, nem precisava ser vermelho, cor de vinho e sangue, parte te teu labor, uma profissional reconhecida por tratar da psicologia e da mente humana.O meu silêncio te silencia, não entendes porque, acostumastes com tontos de álcool na secura de um gozo, jorrada de esperma, os respiros ofegantes são sufocantes do infarto, do AVC, de quem nem tira as roupas, abre somente a braguilha, acostumastes com as mazelas desta vida.
Permaneço em silêncio, rendo-me ao calar, te olhar, até que entendas que, tudo pode mudar, parece-me que já compreendes em manter-se em silêncio na distancia de alguns passos,o teu olhar é outro, tua mente nem pensa e nem calcula tempos, o espaço não te pertence e a mim nunca pertenceu. A cama de cabeceira de grade de ferro tubular é de madeiras estilo colonial. Rendem-se os travesseiros companheiros e os lencóis perfumados ao silêncio de nós dois. Tuas roupas são metamorfoses em branco clara e alva. O rubro agora está nas maçãs de teu rosto. Gosto de maçãs. O piso do chão do quarto de pisos quadrados de ardósia rústica, retangulares com cera e brilham. Se meu silêncio te silencia e te ajuda, minhas mãos pequenas ágeis são mais. Entendas o que as mãos significam. Olha para as minhas e as tuas. Não desejas mais sacar tuas próprias roupas, eu te socorro. Eu tiro e você posiciona o corpo de modo a dificultar a tua nudez. Tenha a certeza de que a minha nudez será difícil e vergonhosa, tenho medos e tu não tinhas e agora tens.
Endendestes que não haverá quarto escuro, transparência é uma máxima, cor preta é ausencia de cor, de vida, de colorido.No espectro das cores,as sete cores, dos imóveis e paredes refletidas pela luz natural do luar que adentrará ao ambiente do quarto pela janela aberta nos veremos um ao outro em caras limpas, nossas partes íntimas para na intimidade ,se intimarem, o meu e teu rosto em emoções definirão comportamentos e movimentos aos olhares disciplinantes, não disciplinadores, e emocionantes.
Ando dois passos, mas um, mas dois, mas três, estou na beirada da cama, tomo as tuas mãos e as beijo por todos os cantinhos dos dedos, tenho tesão por mordidas, largo a outra mão na tua nua nuca, aperto como se aperta borrracha de apertar de pele humana de gente, mas de leve em suave massagem. Teus arrepios tornam-se espinhos a flor da pele, e nem estamos no início da caminhada. Tiro-lhe a blusa branca desabotoando os botões um a um. Assusta-me a delícia de seus seios de mamilos redondos, grandes e avermelhados e incita-me o sinal azulado de nascença com alguns pequenos pelos e são aparentemente aparados e cuidados pela natureza. Teu meio corpo desnudo e nem senti falta do sutiã. Te gosto ver teu ventre nu, apeteces meus desejos por amor de sexo, enxergar as tuas partes íntimas, não íntimas.Já me tirastes a camisa de linho amararrotada, tenho meio corpo nu, minha compleição de homem maduro reflete-se nos cabelos brancos de meu peitoril e enrolas com os dedos estes cabelos, bem menos amarrotados que a camisa.
Com as artes de um menino arrio tua calcinha pretinha folgada de tecido de algodão, eu percebera antes que de microfibra, um engano do silêncio. Meus dedos estimulados estimulam sem enredo sem protocolos. Uma pena que o clitóris afastou-se da entrada da vagina. Dá-se um jeitinho e você ajeita-se ao seu mellhor sem pudor. Olhos no olhos dirigem a cena. Minhas calças de tergal as tiro com os meus proprios pés, depois que me arracantes o cinto e decerrou o primeiro botão, o zíper escorregou sozinho, em silêncio.
Acariciamos os nossos desnudos no meio nos meios corpos das cinturas acima.
Tenho o odor de tua calcinha, não te envergonhes, tem cheiro de verdades femininas.
. Beijo-te da testa aos pés, em eternidade de um tempo não arrependido, abraçamo-nos com força e apertos, entrelaçamos pernas em ritmos lentos e acelerados, os olhares comandam, o silêncio dita os susurros, o suor de sal da terra, alimenta os corpos, a penetração acontece sem alarde, sem dor nem cor, teus cânticos grita, uma, duas, muitas vezes, orgasmos sem fim, um cansaço que nada para, continua e acelera, tenho uma bala na agulha de meu membro, a guardo para a próxima sessão de cinema.Descansamos. Permaneço duro na queda e não caio da cama. O lanterninha acende a lanterna e nova sessão inicia-se, e novos sabores esperimentamos, e o tempo nem se manifesta e o espaço para as artes e brincadeiras das crianças que somos, nos trás sorrisos de felicidade e prazer e sem querer atiro a minha única bala encontrada nesta cama com esta jovem senhora. Foi um amor grandioso, e nem sequer preciso um beijo foi dado. Beijo negado naturalmente , uma convenção, de que não haja uma paixão e que este efêmero amor não se alongue no tempo além de um dia.Dormimos de conchinha e com frio nos agasalhamos com os próprios corpos.Acordei cedo, abri o trinco de de alumínio reluzente e me pus a caminhar pelas ruas.
Deixo - te este bilhete com as desculpas de que te roubei o teu telefone, mas deixo-te o meu, quem sentir vontade de telefonar primeiro que o faça em silêncio, sem segredos, ao qual exaltamos e a certeza de que o beijo na boca que ausentado, não mais faltará.
Fim
Antonio Domingos
04 de agosto de 2016
Respostas
Prezada amiga Silvia
Obrigado pelo comentário. Não percebi este detalhe. Verei se escrevo um Poema para participar.
Texto forte, sensual e belo.
Sem os exageros, que ultrapassam a margem do erótico para a pornografia.
Enfim, gostei muito, estimado Antonio Domingos!
Um porém, entretanto - para o concurso, determinamos somente a modalidade POEMA.
As orientações encontram-se na página do Edital.
Cordialmente,
Sílvia Mota.