Como calar a voz que não se cala,
que escapa pela goela da memória,
que traz à tona sempre a luz da história
que não se enterra, não, em qualquer vala.
Há vozes que ninguém nunca avassala
clamando por justiça e por vitória,
e não por solução que é provisória
que nunca muda o tom, nem mesmo a escala.
Quanta injustiça a nossa história encobre,
jamais se pensa na criança pobre
que nunca vê a luz da paz bendita.
Ninguém há de calar a voz que grita
- não por retaliação, qualquer vindita –
mas por reparação, que é causa nobre.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)