Balada triste do poeta amaldiçoado

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A dor não passa aguilhoa fundo a alma,

o tempo amaina, mas não vai curar.

A ausência de ti, a distância acalma,

porém, no âmago o riso será um esgar.

Do sentir que um dia julguei tão ledo

ter brotado no teu peito, criado raízes,

carregarei para sempre as cicatrizes,

tormento pelo anseio que feneceu cedo.

 

Se da comiseração recuso a percepção

das estranhas marcas indeléveis do sofrer,

meu orgulho impede aceitar compaixão,

o fel deste cálice sorverei como um qualquer.

Refuto a piedade, a emoção saber-me-ia fatal,

talvez seja insensibilidade própria ou carência,  

jamais saberei se para o bem ou para o mal,

sequer questiono os ensejos da tua preferência.

 

E nada que meus versos digam algo vai mudar

mesmo que eu tudo vocifere aos quatro ventos,

cante à noite silente prateando-me as cãs o luar,

exponha a mente insana desnuda aos elementos.

Se um dia fui teu poeta, hoje um maldito serei,

incauto, débil, desde que me deixei apaixonar,

e cobarde refugio-me tal líder de funesta grei,

acalentando canções fúnebres em sinistro altar.

 

Três vezes maldito seja e para sempre imolado,

qual em ara profana, se ao peito nada mais importa.

- "- Poeta, purifica na dor o teu íntimo ora vazado,

aquela ilusão execrada resta agora também morta."

 

Do livro " Pólen de estrelas"
em preparo

 

 

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Comentários

  • Boa noite Sílvia. Agradeço tuas palavras e do poeta Críspulo. Agora, relendo a balada percebi que faltaram dois versos no "envoi". Estou retificando e republicando. Uma boa noite

  • DIAMANTE PEAPAZ

    Que belo poema!

    Aprecio essa eloquência nostálgica, que me penetra pelos poros até alcançar minha essência poética!

    A terceira estrofe é especial, ao meu olhar.

    Parabéns!

    Beijosssssssss

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