Desejo mundano pode ou não ser fonte de iluminação
Primeiramente, deve-se explicar o sentido do termo “mundano”. Todas as situações do mundo material e socialmente considerado, que instiguem as convenções e futilidades, são mundanas. Neste refrão, as pessoas que se consagram aos prazeres imediatos, que ignoram os valores éticos e morais, para entregarem-se à ostentação frívola e passageira dos bens materiais, são consideradas mundanas.
Deve-se, portanto, passar ao largo das pessoas que cultivam o Mal e a Maledicência e fugir dos pensamentos mundanos? De que forma é isso possível?
Hodiernamente desconhece-se o Outro. Quiçá, desconhece-se a si, quando em jogo os próprios interesses. O ser humano trafega por diversos mundos. Desenha o luar como se fosse um monstruoso dragão a colocar sanha pelas ventas, ou colore a perdição como se fosse divinal pureza. Tudo, pela incapacidade corrente de enxergar a própria sobrancelha - tão próxima dos seus olhos - sem o uso de um espelho. Tudo, pela inépcia de manter o equilíbrio dos estados mentais inerentes à própria vida: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Boddhisatva e estado de Iluminação (há milênios reconhecido como o estado de Buda).
Impossível (re)conhecer o Outro em toda a sua extensão. Impossível, talvez, saber de si, quando em jogo interesses próprios. E, se impossível(?) conhecer de si, como penetrar no mundo que significa o Outro na sua individualidade? - Não existe meio termo ao desbravá-lo - Significará descobertas, que propiciarão conhecer-lhe o lado Solidário, Amoroso e Saudável, ou significará perigo. Sim, perigo - não porque necessariamente contamine, mas porque afeito à destruição de tudo o que se constrói em nome do Amor e da Paz. Para sobreviver à derradeira opção é preciso conter a força interior de mil gigantes mitológicos, além de cultivar a verdade como ideal máximo e o justo nas ações diárias. Assim sendo, quando o espírito é inapto a esbanjar forças e determinação – é melhor que não se aventure por mundos desconhecidos, antes de fortalecer os seus mundos interiores.
Por nada saber, cabe ao ser humano a busca do mínimo conhecimento a respeito das coisas e pessoas que o cercam. Neste contexto, as aparências nada valem e muito menos valem os discursos falaciosos, por si, sem fundamento. Os prazeres, ao serem colocados ao alcance do coração, não devem ignorar a razão, por mínima seja a parcela requisitada.
Por diversas vezes, adentra-se mundos estranhos. Por diversas vezes, sofre-se em razão desta audácia. Por diversas vezes, o sorriso brota seguro, fruto da coragem desafiadora. Mas, o que não se pode ignorar é que alegres ou tristes, será erro crasso subestimar o Outro, antes de conhecer as verdadeiras verdades que se escondem através das palavras provocadas pela maldade humana intencional ou exaradas ao alvedrio sugerido por problemas circunstanciais. Fugir do Mal não é garantia do Bem. É melhor fortalecer o Bem que existe em si, para que vença o Mal do Outro – ou, no mínimo, mantenha-o em equilíbrio.
Impossível sair ileso de um Mundo. Marcas positivas ou negativas se farão, porque alegrias e tristezas são fatos da vida. E, se resplandecerá a alegria a ser repetida no futuro, que as tristezas não se perpetuem. Antes, postem-se à evolução de cada um.
As situações mundanas não devem ser temidas, pois impossível desvencilhar-se delas no mundo atual. Afortunados de boa sorte, são aqueles que através de discernimento próprio conseguem sobreviver a tais iniquidades, sem vivenciá-las. Derrotados, os que sucumbem aos obstáculos. Por outro lado, alguns seres humanos lambuzam-se do Mal, para depois desafiá-lo e vencê-lo. Vitoriosos também serão, conquanto exibam com mais intensidade os sinais do sofrimento que poderia ser evitado. Esses seres necessitam sacrificar-se ao Mal para evidenciar o Bem. Donde se conclui, que desejos mundanos são também fontes para se alcançar a iluminação.
A cada qual o seu destino. A cada qual o desejo de vencer ou não as vicissitudes impostas pelo seu destino.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2011 - 16h19
Imagem capturada na Internet - através do Google
♥Ernesto Cortazar. Sentiments♥
Comentários
Esta postagem estava duplicada. Por esse motivo, apaguei a outra, mas, trago os ricos comentários realizados pelos meus queridos amigos.
COMENTÁRIO REALIZADO POR: DIONE FONSECA DE BARROS - DEZEMBRO 2, 2019 15:30
Um texto verdade.
Um conselho dado por todas religiões que conheço algo, então é universal. O homem não é muito diferente em sua essência. Talvez fale ou coloque diferente ou vista diferente mas somos os mesmo. E erramos igualmente.
Existem sim muitas formas de desejos e as escolhas mas sabemos as que não devemos s desejar o inconsciente nos diz . Sabemos que matar é ruim e roubar também e outros mas existe a curiosidade por caminhos sem volta. Sei que existem caminhos que desconhecemos e que devem não ser mencionados, o oculto atrai e este é algo perigoso. Gostei do texto e concordo deve ser evitado e não desejado e se desejamos é aberta a possibilidade do querer conhecer.
Abraços Silvia querida pelo texto. Abraços amigos. Dione Fonseca
COMENTÁRIO REALIZADO POR: MARGARIDA MARIA MADRUGA - OUTUBRO 12, 2018 12:02
Belo texto. Muito aclarador.
COMENTÁRIO REALIZADO POR: ELIAS ANTONIO ALMADA - OUTUBRO 11, 2018 1:30
Muy agradable, felicitaciones. Aplaudo de pé.
COMENTÁRIO REALIZADO POR: NÔMADE - OUTUBRO 10, 2018 22:50
Penso assim: - O minuto seguinte já foi escrito.
COMENTÁRIO REALIZADO POR: CIDUCHA SEEFELDER - OUTUBRO 10, 2018 21:56
Que maravilha de texto,quantas reflexões que nos faz pensar e repensar
Meus aplausos, Silvia! Beijosssss
Agradeço aos queridos leitores, os gentis comentários. Beijosssssssssss
Relendo e ainda achando muito interessante. Bjsssss.
"...Fugir do Mal não é garantia do Bem. É melhor fortalecer o Bem que existe em si, para que vença o Mal do Outro – ou no mínimo mantenha-o em equilíbrio.
... Donde se conclui que desejos mundanos são também iluminação.
A cada qual o seu destino. A cada qual o desejo de vencer ou não as vicissitudes impostas pelo seu destino."
Propriedade e sabedoria nesse texto, de humanístico teor. Cala fundo n'alma e faz refletir.
Parabéns Querida Silvia! Bjs. Wau
Sílvia querida, belo texto que nos obriga a reflectir no verdadeiro sentido da vida. Beijinhos. Feliz Natal!
Texto profundo e sábio.Todos sabemos o melhor caminho a seguir, não podemos colocar a culpa só no destino,sempre podemos escolher como conduzir nossas ações ...........bjus
"A cada qual o seu destino. A cada qual o desejo de vencer ou não as vicissitudes impostas pelo seu destino." Magnífico texto. Parabéns!
Fugir do mundo mundano, do sofrimento, .... Não significa que esteja vivendo em limpas páginas, pois saber lidar ou contornar a situação, requer sapiência, preparo de espirito e um bom psicológico. Se estamos aqui nesse plano para resgatar nossos erros. Acredito que se deva tentar viver em paz com mente e coração, sempre os policiando para que não caiam em qualquer armadilha. Muitos quando atingidos por uma traição, mentira, desgosto,... Logo se deixa levar por pensamentos negativos. É quando se é necessário dar uma pausa em sentimento e pensamento para não alimentar tanto veneno dentro de si.Por isso a fuga não é a melhor opção, e sim encarar os acontecimentos, lidando da melhor maneira possivel.
Gostei muito do tema. Daria para escrever páginas e páginas sobre o assunto.
Bjsssss
A escolha do aludido tema já foi por sí só excelente...Demonstras muita propriedade sobre o assunto, tal qual, pude ler e saborear o conteúdo...Acredito que todos nós tenhamos um destino e que por vezes não concordamos com opiniões contrárias as nossas, porém temos que respeitá-las e com relação ao texto, digo-lhe que concordo com toda sua explanação...Parabéns...
Verdade! Não se sabe, e pouco importa saber, porque estamos juntos em alegrias ou não nesta pequena bola que gira no Universo. Sílvia é clara: não ser mundano é estender a sua existência ao próximo, sem perdê-la.
Parece que uma simples palavra pode esclarecer tudo: na medida do possível, divisão.
Beijos, poeta.