Amanhã serás o ontem esmagado,
o rasto dos teus passos serão meras sombras
no desalinho das emoções esquecidas...
Galgas os dias, afugentas as horas,
abraças os instantes em despedidas
sem corpo...
Procuras as marcas da tua presença
e encontras fantasmas em agonia...
Cansado de amanhãs nascidos mortos,
caminhas na solidão sem nome...
Hoje, mais do que ontem,
sabes que ninguém escutará
as tuas súplicas...
Vives paredes meias com a morte,
sem ninguém que testemunhe
a tua existência...
Morres em cada lágrima
o desespero do tempo...
Resistes mais um instante,
como quem ainda espera por alguém
ou por alguma coisa...
Morre dentro de ti a última memória
daquilo que sentiste vida,
morre dentro de ti
o último lugar onde acreditáste
em milagres...
Indiferente, a tarde cai,
igual à última tarde...
Sentes que a tua solidão
é o teu pior carrasco...
A noite chega, escura,
quase morte...
continuas só, absolutamente só...
Não sabes se estás louco
ou lúcido...
Esqueceste-te de ti,
do teu nome...
Sabes que ninguém se lembrará
de quem foste...
Serás apenas o velhote da cama 35,
o tal que não tem ninguém,
o tal que chora todas as noites...
serás apenas mais um sem nome
e sem história...
Carlos Barão de Campos
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Comentários
Um momento solitário na realidade de muitos.."Apenas mais um sem nome e sem história"....Muito bom te ler.......
Deslembrado, lembrado nos gritos da consciência social do poeta! Beijosssssssss
Tema social da maior relevância. Realidade assustadora, porque todos nós caminhamos para o fim. Se não formos respeitados nesses dias, a injustiça estará consagrada... Triste, muito triste... Beijossssssssss
Esquecimentos lamentosos que se fazem a tantos seres que já trabalharam suaram sonharam e na época mais difícil são esquecidos vestigiosamente como se nada fossem ou nada representassem na vida de todos
beijo